terça-feira, 11 de maio de 2010

Sobre um suicídio virtual: em tempo de Twitter twists demais!

Ontem dormi com uma sensação engraçada. Na verdade, uma lembrança. Dia desses, eu estava assistindo TV com a minha esposa e nos deparamos com a entrevista de um “roteirista, produtor, ator, humorista, blogueiro...”, segundo apresentação do entrevistador. Naquele momento, minha esposa se assustou e me questionou: “desde quando blogueiro é profissão?”. Pois é, minha querida, há muito que escrever opiniões, humor, impressões, poemas, notícias e afins, é profissão e baita profissão, aliás!
Na verdade, pelo pouco que sei e, talvez, eu seja um dos poucos que ainda faz isso, o boom blog surgiu, aparentemente, com o objetivo de pessoas “registrarem” suas vidas, como um diário, só que agora, esse diário, em tese, sua vida, estaria aberta para todos que tivessem acesso à Internet. Lógico que, para os engraçadinhos, os felizes, os críticos, fazer humor é parte da vida, o que é bonito. Para os mais pornográficos, há espaço para as fotos de sacanagem. Para as mamães de primeira viagem, casais, enfim, há blog para tudo.
Mas um blog também é um espaço vazio, um blog também pode ser um espaço de silêncio. De você mesmo reler seus pensamentos. Entendo que todo aspirante a escritor ou toda pessoa que consegue, no mínimo, se expressar com frases escritas – algo que a nossa parca educação não nos permite de forma plena, daí acreditar eu que talento e bom estudo nesse momento crucial deverem se unir como um belo casalzinho de namorados – sobre seus sentimentos e impressões, sobre o mundo interno e externo, queira leitura, queira leitores. Mas desde a Idade Média, leitura e leitores sempre foi uma junção complicada. Mais problemática ainda, talvez, no que chamamos de Idade Moderna. Não vou divagar mais.
Entrei na era Twitter, achei bacaninha, bonitinho. Eu até compartilhava a etimologia da palavra: dava risadinhas, tagarelava, etc. Comecei a viciar. Tinha que entrar para “twittar” – palavra nova no vocabulário da moçada! Em 140 caracteres com espaços, eu comentava meu dia, minhas impressões sobre o mundo pequeno em que vivo, tentava contar uma piadinha ali outra acolá. “Seguia” alguns artistas, amigos, parentes... Uma forma peculiar, pelo texto reduzido, de acompanhar as novidades de todo mundo. Porém, 140 caracteres é muito pouco para coisas importantes. Sim, isso é uma crítica. Me lembro agora uma micro conversa que tive com Gustavo Alvaro sobre isso. O que mais me marcou foi: “cara, as pessoas tem preguiça de ler. As pessoas não lêem e quando o fazem tem preguiça de tentar entender o que eu disse.”. Perigoso. Complicado. Naquele momento, percebi que estou ficando velho. Achava que era jovem por dominar, bem relativamente, essa coisa de blog ou, pelo menos, ter um. Tenho cidadania: possuo um perfil no Orkut.
Entendo, o que não deixa de ser, o “drama” do Gustavo Alvaro, que para mim, o é. Sim, acho dramático as pessoas não quererem mais: ler. Claro, não podemos, nem eu, nem ele, generalizar, ainda existem leitores, principalmente, para aqueles que escrevem bem e, mais ainda, para aqueles que conseguem unir o casal talento e boa escrita.
Daí, fui enjoando do Twiiter, já há duas semanas. Ontem, foi a gota d’água. Tentando levar um pouco a sério essa coisa da escrita, em alguns momentos fúteis, já que eu usava o micro-blog muito para falar sobre o meu dia e principalmente sobre o que comi e bebi (!), cobrei mais textos do Gustavo, aliás, bom escrevente em diversos segmentos... Com as suas sacanagens de sempre, me fez perceber a desnecessidade de perder, no mínimo, mais uma hora do meu dia na frente do PC! Primeiro passo: fui procurando a ferramenta para desfazer a conta, não encontrei num primeiro momento. Segundo passo: consegui ir desmarcando as exatas 22 contas que eu seguia, inclusive a dele, parei na dele, já que cheguei ao Terceiro passo: encontrei a parte que poderia excluir a conta e o fiz. O fiz inclusive, não sei antes sacanear meu primo uma última vez – esse texto é sério, não é sacanagem – com uma conta fake que eu tinha inventado e achava que em mãos corretas, como as dele, daria até certo, o Twiltton, personagem que criei, mas que foi morto rapidamente!
E daí, esse texto é um porre? Pode ser. Estou pensando em calar O Ventríloquo também. Na verdade, isso aqui é uma despedida para minha própria voz. Não é birra. É coerência. Gasto no mínimo, no mínimo, de 6 a 7 horas na frente do computador com Internet: lendo e-mail, pesquisando coisas úteis e fúteis, conversando, escrevendo, lendo artigos, traduzindo... É tempo demais, só isso aqui me custou uma hora, mais ou menos e vai sem releitura. Pois quando releio desisto de colocar aqui. E este é o meu grande problema, encarar esse tipo de escrita aqui como uma singela conversa que eu queria ter tido com alguém. Mas, é verdade, a mais pura verdade: para alguns, como eu, ter um blog é falar sozinho e eu ando me cansando disso. “O resto é silêncio”. Pois não quero me profissionalizar nessa área, taí algo que eu realmente não tenho vocação e até para escrever em blog: vocação é tudo!

Um comentário:

Mégrivi disse...

Concordo muito com você (apesar de não saber se existe um concordar pouco).
Minha vida ativa no twitter ainda é nova, mas é ainda mais nova a minha aventura como blogueira.
Gosto de escrever (desde sempre), mas não o fiz por 4 longos anos, pois sentia-me inferior (confesso).
Não tive coragem antes de criar um blog pois parecia-me faltar em mim este casalsinho apaixonado!
Num rompante mudei de idéia e me inseri. Mas até quando?
O Twitter muito me cansa, mas ainda vou descobrir quanto posso suportá-lo.
Já sobre o blog, percebi que escrever me faz bem...independente de existir ou não que o faça muito melhor do que eu.
Gosto muito de escrever poesia, mas a vida tem me tirado a inspiração....enquanto isso escrevo qualquer bobagem, e quem está de bobeira perde seu tempo em lê-las!


http://megriviarte.blogspot.com