sábado, 1 de maio de 2010

Pela ausência do silêncio...

Hoje acordei com uma sensação incrível de perceber que não entendo direito o que ronda em torna da mente alheia. Os anseios, as esperanças, a ideologia, a falsidade, o populismo, enfim, tudo que gira em torno do jogo político que é a vida.
Ao mesmo tempo, um silêncio invadia o apartamento, apenas meus dedos no teclado, apenas um som e outro de vassouras sendo passadas no chão. Os carros vagamente e espaçadamente passam pela avenida. Ouvir música é uma saída, no mínimo, decente para tirar um pouco a angústia. O violão, companheiro sensível e tolerante comigo, me possibilita pequenos dedilhados... “Estação Derradeira” é a canção que eu e Ana cantarolamos vagamente enquanto meus dedos percorrem o braço firme do instrumento. Desisto. Me pergunto como ele tolera minha inexpressiva capacidade de me fazer entendido. Há tempos, e já conversamos sobre isso aqui, tenho tido vergonha dele, de olhar para ele. Culpa do meu amigo Augusto por ter me emprestado o maravilhoso livro/DVD/CD “Violões do Brasil” – qualquer pessoa sensata, após ler esse livro, ouvir o CD e ver o DVD (não necessariamente nessa ordem) terá vergonha do seu violão ou ao menos da capacidade de não tratá-lo com o respeito devido.
Mas “circo vive é de ilusão...” e assim continuo o dia. Uns toques no Twitter. Umas leituras de jornais (eis a facilidade da internet) e resolvo ouvir o belíssimo e pouco comentado cd Moacyr Luz, primeiro disco desse compositor brilhante... A música de abertura, “O Mar no Maracanã” já me tira lágrimas do peito e vou seguindo a audição. Mas a conversa não é sobre isso, tampouco sobre música. A conversa que sonhei ter com você é pela ausência do silêncio. Silêncio este que perdurará, pois no fim das contas, principalmente aqui, nunca poderei realmente dizer tudo que quero. Um alto e sonoro “vai tomar no cu!” já viria de bom grado, mas nem isso me permito fazer. Tenho visto, observado os últimos acontecimentos num silêncio quase aterrorizante, arrebatador. Na verdade, até tenho falado demais. Procurarei me silenciar cada vez mais. Quanto menos palavras, melhor. No fim das contas, o silêncio é o melhor aliado. Aos alienados: apenas alienação.

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