quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A força do não dito

Tudo de bom que não falo. Melhor o silêncio, pois guardo dentro de mim os chiados e a regras gramaticais das gírias sobre a mesa de bar. O não dito é o meu melhor, pois insuportável é a dor de dizer aquilo que há descontrole nas palavras – eu sou um descontrolado palavriante. Você ouviu? Você o viu? Você ou viu? Você: o viu!
Uma avalanche de letras, palavrinhas soltas, sílabas, vogais. Abafadas, abertas, sem sentido: a e i o u. O caderno de caligrafia que eu nunca soube usar. Letras redondas, dizia a tia Janaína e eu cansado de tentar.
Estou meio tonto. Carrego dentro de mim um violão. As cordas afinando-se automaticamente em cada acorde dissonante. A caixa, o peito. O braço, minhas mãos. Traste. Trastes.
Digam o que quiserem: o silêncio nem sempre é a solidão. E aquilo que não foi dito é porque não há de ser um não.
Ps. Ao som do disco Spectral Mornings de Steve Hackett.

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