segunda-feira, 7 de julho de 2008

(A audácia do pessimismo) A crença no amor

Não creio em muita coisa. Ultimamente, tenho acreditado no amor. Talvez seja a única coisa que realmente me faz acreditar em algo. Sou um pessimista por natureza, deve dar para ver na minha escrita, ou o que chamam de letra, ou nas minhas respostas para cumprimentos:
- E aí tudo bom?
- Tudo indo.
É como gosto. E gosto não se discute: de gustibus non est disputandum, já diziam os romanos. Mas entre gregos e troianos pode haver paz, assim como entre judeus e muçulmanos, “porém (ai porém!), há um caso diferente...” (sim isso é um samba conhecido do Paulinho da Viola).
E não era dia de carnaval... Mas o samba cabe. Pois samba sempre cabe em alguma coisa, pois é cavaco, pandeiro e tamborim. E eu aceito, aceito que sou pessimista. E aceito o teu argumento, afinal, em terra de cego quem tem um olho é rei (beati monoculi in regno caecorum, é isso?). Mas ser um pessimista não quer dizer não ser um romântico. Exacerbado romântico. Pois foram românticos os nossos antepassados e serão românticos nossos herdeiros. Herdeiros do fim do mundo. E “amores serão sempre amáveis. Futuros amantes, quiçá, se amarão sem saber com o amor que eu um dia deixei para você” – pode assobiar, eu deixo.
Muita gente enxerga em Nietzsche apenas um cara louco e que escreveu inúmeros aforismos. Mas, valhei-me deus, fantástica a frase: “Há homens que já nascem póstumos.”.
Mas, enfim, sou um pessimista. Vivo num pessimismo enorme, enraizado numa simetria cabal. Caminho pelos cantos das calçadas procurando sombra em dia de sol quente. Busco acalentar sem meias palavras a alma que já está perdida (e essa frase só entra aqui pois achei ela bonita!). Por isso sou pessimista. Porque sei que não há tempo de velar o amor. Se consertar com o atraso dos pais e a incompreensão dos filhos. Sei que morreremos e “da morte, apenas nascemos, imensamente” como diria Vinicius de Morais.
Ainda assim creio no amor. Creio que caminhamos juntos e juntos viveremos – até morrermos. Acredito até que dissolúvel é a tristeza e por isso seguimos vivos. Pois a gota que cai continuamente pode um dia abrir, primeiramente, suave rio e mais continuamente, possibilitá-lo encontrar, um dia, o mar. E é de onde vem todas essas coisas: meu andar pelos cantos, minha cara angústiada, meu sorriso sem graça e meu cabelo enrolado. Para que, intensamente, eu viva um destino doce de te amar, assim, para sempre!

Um comentário:

Ana Pinto disse...

Apesar deste texto afirmar, insistentemente, teu pessimismo e tua tristeza, percebi nele muito otimismo e beleza... assim como é belo teu rosto (e, principalmente, teus olhos) do ponto de vista do aconchego dos teus ombros.
Estou com muitas saudades...

Te amo!